quinta-feira, 30 de abril de 2009



"Nunca deixe seus sonhos morrerem porque a vida sem sonhos é como um pássaro com a asa quebrada que não pode voar."

terça-feira, 28 de abril de 2009

Pássaro sem rumo


















Meu pensamento se confundiu com o vento
dando um novo tom à música inacabada
Quem dera cantar de felicidade sem motivo
ouvir tua voz no cantar de um pássaro
como se o amor fosse apenas música
que todas as manhãs de outono chegassem
no adejar de uma ave livre e cantante
com anseios inesgotáveis, insaciáveis
Hoje quero ser pássaro sem rumo,
quero encontrar tão somente o meu ninho
quero os braços de uma árvore verdejante
quero o abraço do vento a fazer-me carícias
quero voar em busca do que nunca aconteceu
quero encontrar a chave da felicidade
mas, não sei qual caminho seguir
Hoje estou presa, tal pássaro cativo
nas lembranças daquilo que não vivi.

Nana Pereira

Pássaro no ninho
























Guarda-me no seu pensamento,
Mas só se for para ficar...
Porque se eu sair,
Você não me encontra mais...
Não porque quero fugir,
Mas, porque você, é meu HABITAT...
E, se me tira dele, ficarei perdida,
Sem agasalho, sem comida...
E não sobreviverei,
Em nenhum outro lugar...
Dentro de você é meu ninho,
E em nenhum outro caminho,
Eu vou saber andar...
É que faz tanto tempo,
Que eu feliz contemplo,
A beleza deste lugar...
Não tire minha morada,
Não me deixe só, abandonada...
Você é meu refúgio, meu abrigo,
E tenho medo que o inimigo,
O outro abrigo...
Prenda-me, em seu coração...
Porque fora de você,
O único abrigo que conheço,
É a SOLIDÃO.

Célia Jardim

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Pássaro Encantado



Era uma vez uma menina que tinha como seu melhor amigo, um Pássaro Encantado. Ele era encantado por duas razões:
Primeiro porque ele não vivia em gaiolas.
Vivia solto.
Vinha quando queria.
Vinha porque amava.
Segundo, porque sempre que voltava suas
penas tinham cores diferentes, as cores dos lugares por onde tinha voado.
Certa vez voltou com penas
imaculadamente brancas, e ele contou estórias de montanhas cobertas de neve.
Outra vez suas penas estavam vermelhas, e ele contou estórias de desertos incendiados pelo sol. Era grande a felicidade quando estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o pássaro dizia:
" Tenho de Partir "
A menina chorava e implorava:
"Por favor não vá fico tão triste. Terei saudades e vou chorar..."
"Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "Eu também vou chorar. Mas vou lhe contar um segredo: eu só encantado por causa da saudade que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for não haverá saudade. E eu deixarei de ser o pássaro encantado e você deixará de me amar".
E partia. A menina sozinha, chorava. E foi numa noite de saudade que ela teve a idéia: "Se o pássaro não puder partir, ele ficará. Se ele ficar, seremos felizes para sempre. E para ele não partir basta que eu o prenda numa gaiola."
Assim aconteceu. A menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda.
Quando o pássaro voltou eles se abraçaram, ele contou estórias e adormeceu.
A menina, aproveitando-se do seu sono, o engaiolou. Quando o pássaro acordou ele deu um grito de dor.
"Ah! menina... que é isso que você fez?
Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias. Sem saudade o amor irá embora..."
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por acostumar.
Mas não foi isso que aconteceu. Caíram suas plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento de cantar. Também a menina se entristeceu.
Não era aquele o pássaro que ela amava. E de noite chorava pensando naquilo que havia feito com seu amigo...
Até que não mais aguentou. Abriu a porta da gaiola. "Pode ir, Pássaro, ela disse, volte quando você quiser..."
"Obrigado, menina disse o pássaro. Irei e voltarei quando ficar encantado de novo. E você sabe: ficarei encantado de novo, quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você !

O canto do pássaro


"Existe uma lenda acerca de um pássaro
que só canta uma vez na vida,
com mais suavidade
que qualquer outra criatura sobre a terra.
A partir do momento em que deixa o ninho,
começa a procurar um espinheiro-alvar,
e só descansa quando o encontra.
Depois, cantando entre os galhos selvagens,
empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido.
E, morrendo, sublima a própria agonia
e despede um canto mais belo que o da cotovia e o de rouxinol.
Um canto superlativo, cujo preço é a existência.
Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo,
e Deus sorri no céu.
Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento ...
Pelo menos é o que diz a lenda.
O pássaro com o espinho cravado no peito segue uma lei imutável;
impelido por ela, não sabe o que é empalar-se, e morre cantando.
No instante em que o espinho penetra não há consciência nele
do morrer futuro;
limita-se a cantar e canta até que não lhe sobra vida para emitir uma única nota.
Mas nós, quando enfiamos os espinhos no peito,
nós sabemos.
Compreendemos.
E assim mesmo o fazemos...
Assim mesmo o fazemos...

Colleen McCullough

Pássaro aprende a miar para calar papagaios

Um pássaro mainá da cidade chinesa de Nanjing resolveu "calar a boca" de dois papagaios que vivem na gaiola vizinha aprendendo a miar.


Logo depois de ter comprado o mainá, o chinês Jiang adquiriu também dois papagaios, que passaram a tagarelar sem parar. Irritado, o pássaro resolver dar um jeito na situação.

Como tem facilidade para imitar sons (assim como os papagaios), resolveu imitar um gato para calar os vizinhos, pois notou que eles sempre ficavam quietos quando o felino da vizinhança passava por perto.

Pássaro






Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.

Ele amava a água sem sede,
e, em verdade,
tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.

Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.

Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.

Cecilia Meireles

O pássaro da cabeça


Sou o pássaro que canta
dentro da tua cabeça
que canta na tua garganta
canta onde lhe apeteça

Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
mesmo as que julgas que não

Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada

E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão

e ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.

O pássaro da cabeça

Poema de Manuel António Pina
Ilustração de Maria Priscila















Pousa o pássaro
Passa nas flores
Passaram amores
No passo do dia


Lucas Pereira

sábado, 25 de abril de 2009

http://s294.photobucket.com/albums/mm96/sabater_wb/supermensagens/Passarinhos/passaro_1k99.gif

O pássaro


















Às vezes os sonhos se partem
Assim como um cristal de rara beleza
Às vezes queremos ouvir o riso das estrelas
mas, só o que temos são murmúrios de chuva
sobre o telhado ,lentamente ,dolente, doído
um pássaro passeia sobre a grade da varanda
olhando as flores, as folhagens, os frutos
como num último adeus,uma triste despedida
O coração ferido sangra desatinado
dos olhos sem brilho apenas uma lágrima
O pássaro voa para sua velha gaiola enferrujada,
Ainda não sabe que será o seu fim,
Sem alegria, sem cantoria, somente silêncio
No chão, folhas amarelas, esquecidas
Ao longe, apenas o som de um violino...

Nana Pereira

Soneto do pássaro


















Amar um passarinho é coisa louca.
Gira livre na longa azul gaiola
que o peito me constringe, enquanto a pouca
liberdade de amar logo se evola.

É amor meação? pecúlio? esmola?
Uma necessidade urgente e rouca
de no amor nos amarmos se desola
em cada beijo que não sai da boca.

O passarinho baixa a nosso alcance,
e na queda submissa um vôo segue,
e prossegue sem asas, pura ausência,
outro romance ocluso no romance.

Por mais que amor transite ou que se negue,
é canto (não é ave) sua essência.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 22 de abril de 2009




















"É com a música que fazem as suas declarações de amor o rouxinol e o grilo, o cisne e a águia."
(Paolo Mantegazza)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

"Passáro"





Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.

Ele amava a água sem sede,
e, em verdade,
tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.

Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.

Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.


Cecília Meirelles



O céu azul sobre o telhado
repousa em calma.
Uma árvore sobre o telhado
balança a palma.



A voz de um sino mansamente
ressoa no ar.
Um passarinho mansamente
põe-se a cantar.



Meu Deus, meu Deus, esta é que é a vida
simples, tranqüila,
como o rumor suave de vida
que vem da vila.



-Tu que aí choras, que é que fizeste,
dize, em verdade,
tu que aí choras, que é que fizeste
da mocidade?



Paul Verlaine
Trad -Onestaldo de Pennafort
de Poemas Escolhidos

Inventamo-nos


























Inventamo-nos. Somos
Eco do mesmo apelo reconhecido,
A mesma busca
Dum resgate impossível.
A mesma fome nos ergueu
Os braços
A um gesto de encontro,
Um riso,
Um pólen na viagem do vento.
E eis que o pássaro inexistente
Pousa
Concreto e tangível
Sobre os nossos ombros.


Egito Gonçalves

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O Navio Negreiro















...Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

(Castro Alves)