quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Fim de dia



















Este canário entende de alma humana
E todo dia vem me dar conselho.
É meu guru, meu mestre, meu espelho,
Critica meus defeitos, não me engana.

Dita-me os passos, tudo ensina e explana,
Como sábio falando a um fedelho.
Dedico-lhe respeito e me assemelho
A aluno surpreendido em falta insana.

Meu canário amarelo, tu que tens
Sempre um gorjeio a mais que me distraia,
Bem mereces, por isso, os parabéns.

É hora de ir dormir, canoro amigo,
Antes que as outras aves desta praia
Pensem que és louco por falar comigo.

Solange Rech

















Velho pássaro, este mundo
dorme como um menino
e se renova cada manhã.
Thiago de Mello

terça-feira, 22 de setembro de 2009


















Quando impera a concórdia entre os pássaros, eles destroem a armadilha; quando entre eles vinga a discórdia, caem presa da armadilha.
Textos Budistas


















Não nos perguntamos qual o propósito dos pássaros cantarem, pois o canto é o seu prazer, uma vez que foram criados para cantar. Similarmente, não devemos perguntar porque a mente humana se inquieta com a extensão dos segredos dos céus... A diversidade do fenômeno da Natureza é tão vasta e os tesouros escondidos nos céus tão ricos, precisamente para que a mente humana nunca tenha falta de alimento.
Johannes Kepler

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Canário verde!























Sempre pensei que canários fossem sempre amarelos!
Wally era verde!
Wally chegou em casa no dia dos namorados,
Logo ganhou uma casa espaçosa e ventilada.
As manhãs eram anunciadas pelo seu canto.
Devia sentir falta de uma namorada.
Um dia enlouqueceu e passou a cantar à noite também.
Acho que morreu de solidão!
By Nana Pereira

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bem-te-vi

Bem-te-vi que bom te ver!
Vim aqui pra te encontrar...
Pouse no meu pé de Ipê,
Quero ouvir o seu cantar.


Vê se vês a minha amada,
Que há muito já se foi,
Partindo de madrugada
No velho carro-de-boi!


Não me deixes tão sozinho
Chorando a minha dor!
Canta, canta, passarinho,
Traze ela pro meu ninho,
Quero fartar-me de amor!


Dar-te-ei de recompensa
Água fresca e alpiste...
Sem ela o mundo não existe,
Minha tristeza é imensa!





E quando ela voltar,
Atendendo ao teu canto,
Vou secar todo meu pranto
E sorrir com teu cantar...




Autor: Antonio Manoel Abreu Sardenberg

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Voo mítico dos pássaros



Nos livros sagrados de árabes, persas, hindus ou judeus, os pássaros aparecem com os mais diferentes significados. No Corão, muitas vezes são tomados como sinônimos de "destino": "No pescoço de cada homem atamos seu pássaro" - está escrito. A obra célebre de Farid ud-Din Attar, A línguagem dos pássaros, indica que o Rei Salomão conhecia profundamente esta linguagem, percebendo no mítico pássaro Simorg um portador da Sabedoria. O Rig-Veda diz que "a inteligência é o mais rápido dos pássaros". A pomba surge nos Salmos (Velho Testamento da Bíblia), como símbolo de libertação da alma: "Tivera eu asas como a pomba e voaria e procuraria um pouso". Ainda no Velho Testamento, a pomba e o corvo exercem tarefa decisiva para os católicos após o dilúvio: "No fim de quarenta dias, Noé soltou o corvo, que foi e voltou, esperando que as águas secassem sobre a terra". Passado algum tempo, Noé solta uma pomba que retorna com um ramo de oliveira no bico. Novamente livre alguns dias depois, a pomba voa e não retorna mais, indicando que as águas haviam secado.

Os relatos míticos das mais diversas culturas estão igualmente povoados de seres híbridos (metade ave, metade humano) e de pássaros fantásticos, curiosos e portadores de poderes inimagináveis. Um dos mais lendários é a Fênix, de origem etíope, segundo Heródoto, mas também presente entre os chineses. Dotada de extraordinária longevidade, a Fênix tem o poder de renascer das cinzas, após se consumir no fogo de seu próprio ninho, construído com vergônteas perfumadas. No Livro dos Seres Imaginários, o escritor argentino Jorge Luis Borges registra a recorrência de várias criaturas misteriosas e entidades aladas, como as Harpias (aves com cara de donzela, "pálidas de uma fome que não podem saciar"), o Pássaro Roca (gigantesco parente da águia ou do abutre, que alimenta seus filhotes com elefantes), o Goofus Bird ("que voa para trás, porque não lhe importa onde vai, mas sim onde esteve") e o Shang Yang (que traz a chuva para os agricultores chineses, "pois bebe a água dos rios e a deixa cair sobre a terra").


Ademir Assunção

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Despertar



















É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.

Eugénio de Andrade