quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009



E agora o que fazer com essa manhã desabrochada a pássaros?
Manoel de Barros

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


















As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente.
(Mário Quintana)














E agora o que fazer com essa manhã desabrochada a pássaros?
Manoel de Barros



nos fios
os pássaros
escrevem música

Eugénia Tabosa














Flauta,
cascata de pássaros
entornando cantos úmidos.

Yeda Prates Bernis

























Canto e contracanto:
o pica-pau reclamando
do som do machado.
Anibal Beça


















“Extingue-se o dia, mas não o canto da cotovia”
Matsuo Bashô!

O Beija-Flor























O verde beija-flor, rei das colinas,
Vendo o rocio e o sol brilhante
Luzir no ninho, trança d'ervas finas,
Qual fresco raio vai-se pelo ar distante.

Rápido voa ao manancial vizinho,
Onde os bambus sussurram como o mar,
Onde o açoká rubro, em cheiros de carinho,
Abre, e eis no peito úmido a fuzilar.

Desce sobre a áurea flor a repousar,
E em rósea taça amor a inebriar,
E morre não sabendo se a pode esgotar!

Em teus lábios tão puros, minha amada,
Tal minha alma quisera terminar,
Só do primeiro beijo perfumada!

(Leconte de Lisle)

Namoro da cotovia e do rouxinol























A cotovia, com suaves pios,
chamou o rouxinol
de meu amor...
O rouxinol, desprezou a cotovia,
que triste se despedia...
Mas o beija-flor... parou de sugar
o néctar das flores,
enamorou-se da cotovia...
O rouxinol, orgulhoso,
sozinho ficou...
e a cotovia, saiu feliz
com o beija-flor,
seu novo amor...

Marcial Salaverry

“Cotovia”




Alô, cotovia !
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que tantas saudades me deixastes ?

- Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento.
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe ...
Voltei, te trouxe a alegria.

- Muito contas, cotovia !
E que outras terras distantes
Visitastes ? Dize ao triste.

- Líbia ardente, Cítia fria,
Europa, França, bahia ...

- Voei ao Recife, no cais
Pousei na rua da Aurora.

- Aurora da minha vida,
Que os anos não trazem mais !

Os anos não, nem os dias,
Que isso cabe às cotovias.
Meu bico é bem pequenino

Para o bem que é deste mundo :
Se enche com uma gota de água.
Mas sei torcer o destino,
Sei no espaço de um segundo
Limpar o pesar mais fundo.
Voei ao Recife, e dos longes
Das distâncias, aonde alcança
Só a asa da cotovia,
- Do mais remoto e perempto
Dos teus dias de criança
Te trouxe a extinta esperança,
Trouxe a perdida alegria.

Manuel Bandeira

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Passarinho na tarde de sábado




Como se fosse o primeiro passarinho do mundo
Na primeira manhã do mundo,
Voa e revoa
Por cima da praça modesta
Onde velhinhos sentados
Fazem um pouco de sesta.
Voa e revoa, inquieto,
Por cima da gente que passa
Apressada,
Por cima das árvores
Por cima da estátua eqüestre
Que está no meio da praça.
Esvoaça,
Esvoaça
Alegre!
Passarinho eu te acho uma graça...
Só uma coisa te peço, passarinho de
minh'alma:
Não me faças nenhum descuido em cima
do cavalo da estátua!

Mario Quintana

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Andorinhas



Quando em criança, lembro das tardinhas
E da cor rubra, de tantos ocasos.
Bem lá no centro das lembranças minhas
(...E ai me enchem d’água os olhos rasos!)

Me vem o vôo sutil das andorinhas,
Que ao frenesi do seu bater de asas,
Cruzavam o céu em sinuosas linhas,
Fazendo evoluções no vão das casas.

Recordo ainda o que mamãe dizia;
- São as Andorinhas, aves benfazejas,
Deus as fez só pra alegrar Maria

Quando iam brincar com seu Jesus menino.
Por isso agora moram nas igrejas
Nas altas torres onde bate o sino.

Jenário de Fátima

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009


























Na língua dos pássaros uma expressão tinge
a seguinte.
Se é vermelha tinge a outra de vermelho.
Se é alva tinge a outra dos lírios da manhã.
É língua muito transitiva a dos pássaros.
Não carece de conjunções nem de abotoaduras.
Se comunica por encantamentos.
E por não ser contaminada de contradições
A linguagem dos pássaros
Só produz gorjeios.

Manoel de Barros

O beija-flor




Acostumei-me a vê-lo todo o dia
De manhãzinha, alegre e prazenteiro,
Beijando as brancas flores de um canteiro
No meu jardim - a pátria da ambrosia.

Pequeno e lindo, só me parecia
Que era da noite o sonho derradeiro…
Vinha trazer às rosas o primeiro
Beijo do Sol, nessa manhã tão fria!

Um dia foi-se e não voltou… Mas quando
A suspirar me ponho, contemplando,
Sombria e triste, o meu jardim risonho…

Digo, a pensar no tempo já passado:
Talvez, ó coração amargurado,
Aquele beija-flor fosse o teu sonho!

Auta de Souza